A noite começou, e eu já estava atrasado indo para a casa do
Mushi. Peguei minha blusa e encaminhei-me para o carro de Mushi. Amava esta
blusa. Ela era clara na cor azul-bebê, sempre amei esta blusa. Fui até o carro
onde eu encontrei o Mushi, um homem com uma beleza exótica, cabelo liso muito
bem arrumado, alto, e que estava sempre a sorrir, e seus livros contavam
histórias magníficas. Fomos conversando ao longo do caminho, e estranhamente o
homem disse que me acompanharia até a escola, Estava escurecendo e o clima era
nublado. Perguntei para ele sobre o seu
livro chamado “Os ventos cinzas do centro”; este livro sempre me intrigou
muito, talvez por sua dramaturgia, repleta de traição, amor... tudo isso sempre
me causou muito interesse. Fiquei espantado ao saber que era tudo real. “Apenas
os nomes fictícios. E ‘o centro’ em que a história se refere é a nossa cidade”,
revelou Mushi.
Isto era tão incrível! Eu andava tanto por ali e não sabia
que tudo que eu li estava ali tão próximo de mim! Ainda mais interessante foi
saber que minha personagem preferida do livro, chamada Audrey, morava ali perto! Estava entusiasmado!
Audrey sempre foi a personagem que mais me intrigou, pois era linda e gentil de
um modo diferente de qualquer ser, que eu juraria que não existia. Por alguns
momentos apaguei em minhas memórias imaginando seu rosto. Fiquei sonhando em
encontrar a pequena Audrey. O carro parou. Mushi, em instantes, arrumou seu
cabelo parecendo mais bagunçá-lo. Reparei que, assim como Yuri, o personagem
principal do livro, Mushi também não olhava para o espelho. Sorri, e ele
retribuiu o sorriso. Descemos do carro. Como era lindo aquele centro! O ar era
frio, porém agradável, e as pessoas conversavam sorrindo. Alguns homens com
belas cartolas conversavam entre si. Encarei a pequena Finc logo que a vi no
portão do colégio. Ela era uma garota baixa, sorridente e brincalhona, que
mesmo sendo mais velha do que eu, partilha de mesmos gostos para livros e
alguns para música. Ela nunca me dissera seu primeiro nome, talvez houvesse um
pouco de superioridade por ser quatro anos mais velha do que eu. Mas a idade
não me importava em nada. Porém, sempre tive a impressão de que ela não gostava
de conversar com pessoas mais jovens.
Mushi comentou comigo que iria ter que entrar na igreja para
conversar com um amigo. Estranhei, pois ele nunca foi ligado a religião e nunca
gostou de igrejas, mas concordei normalmente, como se não me intrigasse. Fiquei
o observando o caminho que ele tomara até que ele trombou com uma bela garota.
Ela era baixa, tinha os cabelos cor de mel, olhos castanhos, e uma bela franja que
arredondava o fim de seu rosto. Ouvi-o dizendo – Como está linda Audy! – fiquei
perplexo! Seria ela? Audrey e Audy são nomes bem parecidos, não? Era também muito
semelhante com o que os livros diziam.